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sexta-feira, março 26
FHC é contra proibição da marcha... (uma notícia?)
Faísca atrasada, nosso blog comenta somente algumas centenas de horas depois aquilo que muit@s twitteir@s replicaram no primeiro milésimo de segundo: FHC, o recém-queridinho de parte da nação canábica, parece estar enxergando coisas que antes não enxergava. Por exemplo, a existência de um movimento social organizado por pessoas que usam maconha, e que vão às ruas para falar, dentre outras coisas, que gostariam de plantar a sua, ao invés de ficarem reféns do esquema perverso do tráfico.
Este contexto pode ser meio confuso para quem acompanha a arena das políticas de drogas há mais de 10 anos. Acostumávamos a comemorar as mudanças nas leis estadunidenses, e criticar duramente o pessoal "de direita", esses conservadores, etc... De repente, tudo muda, mas quase nada muda: nos últimos anos poucas mudanças concretas foram efetivadas. A lei Nº 11.343, de 2006, como comentamos na época, permaneceria dando ao Estado, conforme relata a juíza Maria Lúcia Karam, a possibilidade de cercear direitos constitucionais básicos, como o de livre uso dos corpos.
De repente, o crescimento das marchas e de coletivos locais falando sobre antiproibicionismo. E tudo fica bonito. Marchas acontecem. Depois de muita luta, as cidades estão pouco a pouco derrubando as proibições ao direito de marchar (que, pra variar, também são decisões inconstitucionais). Aí, aos 39min do 2º tempo, entra uma tal de Comissão Brasileira Drogas e Democracia, pomposa, falando de direitos humanos e blablablá, composta por pessoas que fumam e não tragam, e que não dão uma letra sequer sobre as marchas. Qual é a dessa galera?, perguntamos.
A questão é que não mais podemos comemorar mudanças de lei nos EUA, já que nossos camaradas enfumaçados continuam reféns, agora não mais do tráfico, mas do corporativismo médico, que os obriga a gerar procedimento$ em saúde para comprarem seu direito de fumar. Diz que é bem fácil: basta dizer que tá com dor nas costas, que o médico dá um sorrisinho e prescreve. Nada mal para um sistema de saúde que, até anteontem, era 100% privado. Mas, peraí - o que disse mesmo Maria Lúcia Karam quanto ao livre uso dos corpos? E o que dizíamos nós, que nos sentíamos reféns de sistemas perversos?
Em sua declaração sobre a proibição das Marchas, FHC não falou em momento algum sobre qual modelo de legalização defenderia sua trupe - que, repetiremos sempre, é financiada por megainvestidores estadunidenses que dobraram as marchas por lá, articulando junto ao movimento de "pacientes" uma grande rede de dispensários - "farmácias" - de maconha. Não estranha que FHC tenha se limitado somente a dizer que direitos constitucionais devem ser respeitados. Não estranha não ser nada de novo. Nossos parceiros que hoje enfrentam a proibição de suas marchas devem comemorar: trata-se de pronunciamento estratégico e que pode, sim, ajudar nos contextos locais, Ministérios Públicos afora. Mas que não esqueçamos do mote que leva pessoas às marchas: não compre, plante! E que venham as agências brasileiras de canábis medicinal. Até que se prove o contrário, eles também querem fazer dinheiro com nossos direitos. A respeito, ótima matéria no Growroom.