Marcha Global da Maconha e por uma nova Política de Drogas
O que é a GMM?
A Marcha Mundial pela Regulamentação da Maconha (Million Marijuana March, hoje Global Marijuana March) começou a ser organizada na segunda metade dos anos 90 pela ONG Cures-not-Wars, de Nova York. Essa ONG definiu o primeiro fim de semana de maio como data da marcha mundial e, desde então, centenas de cidades, ao redor do mundo, têm realizado passeatas e manifestações a fim de demonstrar à sociedade e ao poder público sua insatisfação com a legislação proibicionista vigente. No Brasil, a primeira edição da marcha ocorreu em 2002, no Rio de Janeiro e, em 2006, estão previstas manifestações em Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
http://www.globalmarijuanamarch.com/
A Marcha em Porto Alegre
Em 2006, pela primeira vez, Porto Alegre realizará uma edição da marcha. A manifestação está sendo organizada pelo grupo Princípio Ativo – por uma nova política de drogas.
Princípio Ativo é um misto de grupo de estudos e movimento social surgido em Porto Alegre, no ano de 2005, com a proposta de produzir e disseminar informação e reflexão acerca de drogas e políticas de drogas no Brasil, incentivando o debate público e aberto em busca de alternativas ao proibicionismo atualmente em vigência.
Fundamentando sua atuação nos princípios dos Direitos Humanos, o Princípio Ativo defende, a partir de uma perspectiva isenta de preconceitos acerca de usos e usuários de psicoativos, a construção de modelos de regulamentação da produção e do uso dessas substâncias que não sejam pautados pela mera proibição e repressão.
O grupo Princípio Ativo não se organiza de forma centralizada nem hierárquica. Opera de modo a impulsionar núcleos que multipliquem ações e reflexões fomentando o debate e a construção de alternativas ao proibicionismo como forma de pensar e de agir em relação aos usos de psicoativos.
O Princípio Ativo acredita na possibilidade de construção de uma nova política de drogas, mais justa, humana e condizente com a realidade social e cultural do nosso país.
principioativo.rs@gmail
Por que queremos uma nova política de drogas?
A proibição da venda e do consumo de algumas substâncias psicotrópicas é uma realidade produzida na primeira metade do século XX, trazendo consigo a promessa de um mundo mais saudável e menos violento. A esperança era que, gradativamente, pessoas abandonassem seus hábitos de consumo de drogas por medo da repressão legal. Passados mais de 50 anos de guerra às drogas, faz-se necessário um sério balanço dos resultados obtidos por esta estratégia política.
Pensando na realidade brasileira, basta ligar a televisão ou o rádio, ler os jornais ou acessar sites de notícias na internet, a qualquer hora do dia ou da noite, para constatar que o consumo de drogas não só não foi reduzido após décadas de proibição, como aumentou vertiginosamente. Além disso, a legislação proibitiva permitiu a constituição de uma rede de tráfico das substâncias arbitrariamente tornadas ilegais. A omissão do Estado na regulamentação desse mercado abriu espaço para que quadrilhas de criminosos o explorassem e regulamentassem a sua maneira: daí a origem de grande parte da violência urbana que cresce cada vez mais nas principais cidades do Brasil. Essa violência, portanto, não se origina do uso de substâncias psicoativas, mas fundamentalmente das disputas internas do tráfico e dos conflitos gerados pelas tentativas de repressão policial a esse comércio. Assim, a mesma legislação que se apresentava como capaz de garantir paz e saúde à sociedade, acabou contribuindo decisivamente no surgimento de um problema social muito maior do que o uso de drogas, evidenciando o seu fracasso enquanto estratégia política: o número de mortes causadas pela violência do tráfico e pela ação repressiva policial supera, em muito, o número de mortes causadas diretamente pelo uso de drogas.
Por isso se faz urgente a construção de uma nova política de drogas. Substâncias psicoativas são usadas pela humanidade há pelo menos cinco mil anos e não existem relatos históricos de profundos problemas ou crises sociais gerados por esses usos. Atualmente, milhões de pessoas ao redor do mundo fazem uso de alguma substância tornada ilícita e não há razão ou indício algum para crer que a manutenção da estratégia proibicionista seja capaz de reduzir esse consumo. Isso sem falar nas altas somas de dinheiro público gastas anualmente no financiamento de uma repressão completamente ineficaz e multiplicadora de conflitos e danos sociais.
É preciso, pois, que se pense em uma nova legislação com base na realidade e não em idealizações de uma "sociedade livre das drogas". É possível e legítimo almejar uma redução do consumo de drogas, mas é fundamental ter em mente que a mera proibição e repressão até hoje nunca produziram os resultados prometidos. Se faz necessário regulamentar as relações de produção, distribuição e consumo das drogas tornadas ilícitas, tendo em vista o ataque às reais causas da violência. Sem preconceitos e com respeito aos direitos e às escolhas dos outros é possível a construção de uma política mais racional e eficiente no que se refere ao uso de drogas em nossa sociedade. Se você também acredita nisso, junte-se a nós e compareça na Primeira Marcha Mundial da Maconha em Porto Alegre!
Domingo, 7 de maio de 2006
Concentração no Parque da Redenção, atrás do Instituto de Educação (próximo ao Café do Lago), a partir das 14 horas.
Não fazemos apologia ao uso de drogas. Queremos construir uma sociedade de paz.
Não traga substâncias ilícitas para a manifestação. Traga tinta, pincel e papel para fazer o seu cartaz. Seja criativo na construção dessa manifestação lúdico-política!
Princípio Ativo – por uma nova política de drogas
principioativo.rs@gmail.com
www.principio-ativo.blogspot.com
Um comentário:
Resumidamente... O Princípio Ativo luta pela legalização do uso de drogas com finalidade recreativa? Nesse caso, estariam descriminalizados os usuários e a venda seria possível em qualquer estabelecimento credenciado? Tudo isso com controle de qualidade da pureza do princípio ativo da droga escolhida? Evidentemente estes estabelcimentos necessitariam um médico de plantão para eventuais efeitos colaterais, certo? Ou seria o caso de o poder público abrir uma clínica especializada com essa finalidade? Por favor, esclareça esses detalhes pois isso vai ajudar a tornar defensável o movimento... ou não?
Postar um comentário