domingo, setembro 20

Usos terapêuticos da maconha - um panfleto.

O panfleto abaixo seria distribuído inicialmente durante a Marcha da Maconha de Porto Alegre 2009. Como o resultado de nosso sofrido Habeas Corpus saiu poucas horas antes do evento, não arriscamos fazer a impressão, temendo que tudo virasse fumaça no DENARC (queimam de tudo naquela incineradora!).

Ao invés disso, aproveitando os holofotes sobre mais uma Semana Farroupilha (evento no qual gaúch@s tradicionalistas comemoram a sua miséria), falamos de outra erva psicoativa que, assim como a maconha, também é amplamente usada no estado nas rodas de amig@s: a ilex paraguayensis, o popular CHIMARRÃO.

Baixe, imprima, divulgue pelos pagos afora. Ou simplesmente leia e divirta-se:

Clique aqui para ampliar.
Imprima em uma folha A4, dobre em três partes.


Texto idealizado por:

Douglas Engelke (graduando em Biologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador em psicofarmacologia), e outros membros do coletivo Princípio Ativo.

Diagramação/Layout: Schon. 

quinta-feira, setembro 10

Marijuana em intervenção urbana

Mais adequado ao nosso contexto, impossível. Em meio a campanhas marqueteiras "antidrogas" criminosas, irresponsáveis e até mesmo mentirosas, vale comentar esta bela iniciativa na cultura canábica de Porto Alegre. Um artista, apropriando um slogan famoso, trabalhou nas ruas exatamente a necessidade de diferençarmos padrões de uso entre as drogas tornadas ilícitas.  



A intervenção está chamando atenção de muita gente na região central de Porto Alegre. Algumas pessoas, principalmente as iludidas com a historinha do mundo-sem-drogas, interpretam como uma piada de mau gosto. Outras, principalmente aquelas que conhecem o universo de usos de drogas ilícitas (seja o de crack ou maconha), conseguem pegar o recado. É que não se trata de diferenciar pessoas, mas sim substâncias usadas, seus padrões de uso e de que modo a sociedade acolhe a situação. Na descrição de sua intervenção, postada no site Youtube, o autor da peça acerta ao associá-la às idéias da política de Redução de Danos.

De fato, os padrões de uso de maconha são com maior frequência considerados como usos controlados e recreativos dentro do universo de usuári@s. A respeito do crack, muitas pessoas que usam as duas drogas (crack e maconha) passam com eficácia por uma terapia de substituição. Para estas pessoas em especial, que já usam estas duas drogas e querem repensar o uso de crack, mesmo com uma terapia medicamentosa para o combate à “fissura”, nos momentos de maior dificuldade a opção pela maconha ajuda a quebrar a “fissura” pelo crack, prevenindo as recaídas. Alguns dos efeitos associados à maconha contrapõem aqueles efeitos negativos do abuso de crack, como a falta de fome e sono. E o que é melhor: quando a pessoa quiser parar de fumar a maconha e ficar “limpa” de vez, não haverão crises de abstinência (como ocorre com álcool, tabaco e o próprio crack). Obviamente, devido à ilegalidade da droga (e por isso, à sua má qualidade), o Ministério da Saúde não recomenda - mas diante dos inúmeros casos de uso problemático de Crack, esta receita faz parte do repertório de muitos trabalhadores da Saúde que lidam com a questão – não só redutores de danos, mas psicólog@s e psiquiatras pelo Brasil afora.


Cartaz se agrega à paisagem política de PoA

Ponto positivo para a intervenção, que serve como saudável contraponto às campanhas marqueteiras antidrogas, que hoje em dia (e principalmente no Sul do país), mais atrapalham do que ajudam na construção de uma mentalidade mais madura a respeito.