domingo, maio 10

O que não pode ser debatido numa democracia?

A Marcha da Maconha de Porto Alegre foi um sucesso. As primeiras pessoas interessadas neste evento de celebração da paz foram chegando, com seus cartazes e instrumentos, conversando... Os comandantes do 9º Batalhão estiveram presentes para garantir a segurança no evento. Em conversa conosco, concordamos com o tom da Marcha e também com a postura crítica à Guerra às Drogas - cuja violência também se impõe aos policiais, muitas vezes mortos no mesmo confronto estúpido que se estende aos jovens desempregados na periferia da capital.


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Fotos acima: início da concentração. Convivência pacífica entre o coletivo Princípio Ativo e a Brigada Militar. Estendemos nosso parabéns a eles por mostrarem que a BM deve ter autonomia sobre si, e jamais ter suas ações pautadas por aquilo que somente parte da mídia desejava: o confronto.

Em meio ao clima prévio de declarações favoráveis ao conflito, se não tivéssemos buscado a garantia dos direitos constitucionais, provavelmente haveriam dezenas manifestantes presos somente pelo fato de estarem portando cartazes verdes, com folhas desenhadas. Mas, com a Constituição devidamente obedecida, o clima se manteve na tranquilidade, assim como em muitos outros finais de semana no Parque da Redenção.

"Então galera, nós temos duas frases... A primeira é: Legalize já!
A outra, é... pô, esqueci!
(risos) É sério! (gargalhadas)"

Cartazes oficiais da divulgação do evento, dentre diversos outros muito bem bolados, eram empunhados sem "polêmica" alguma. Boa parte deles comunicava: "Reprimir não é educar", "Preconceito - nem morto!", "Marcha da Família Consciente". Um clima festivo tomou conta de tod@s as pessoas, e mesmo alguns repórteres, timidamente, acompanhavam em coro os gritos de paz: "Chega de morte, chega de prisão / Queremos já a legalização"; "Vêm pra marcha, vêm!"; "Democracia!". A maioria das pessoas eram estudantes universitári@s, classe média, o que atribuímos em boa parte pela criminalização do uso estar focada principalmente nas periferias. Por essas e outras é que estamos aí, enfrentando o debate. Parabéns a todas as pessoas que participaram da Marcha da Maconha, evento que agora se inscreve definitivamente no calendário cultural da cidade.

>>Em breve, vídeo oficial da Marcha da Maconha em Porto Alegre!<<

2 comentários:

S.gota disse...

Muito bacana a iniciativa!
Ainda bem que vivemos onde existe a democracia, uma Porto Alegre em que ideias e ideais 'marcham' lado a lado (sei que por pouco não aconteceu a marcha...mas mesmo assim exalto a visão e coragem que Porto Alegre sempre ostentou em relação a opiniões adversas!)
Confio na nossa Brigada e fumo meu baseado, sonho com a discriminação da maconha!

Abraços!

Armando disse...

A garantia da liberdade de expressão é uma condição indispensável numa sociedade que se queira democrática. Simpatizo com a ideia de descriminalização do uso da maconha, mas é uma proposta que precisa ser melhor explicitada, pela sua complexidade. Quem estaria credenciado a fornecer o produto, por exemplo ? Como se daria a sua comercialização ? E a produção, que precisaria ser regulamentada, a que parâmetros legais estaria condicionada ? Se a ideia é, de fato, com a descriminalização combater todo esse universo de crimes, mortes, etc., toda a violência que cerca hoje a produção e o consumo de drogas, há muitas questões concretas que precisam ser pensadas e postas em prática.