quarta-feira, maio 3

princípio ativo no programa polêmica - rádio gaúcha

amigos,

amanhã o princípio ativo estará no programa polêmica, representado pelo colega dênis petuco. esse é um programa de debates da rádio gaúcha que vai ao ar das 9 e meia da manhã até as 11 horas e é acompanhado de uma pesquisa interativa com votação por telefone.
a pergunta de amanhã é "marcha mundial da maconha e por uma nova política de drogas: manifestação democrática ou apologia às drogas?"

os telefones para votação são:

sim: (51) 3299-2601
não: (51) 3299-2602

NÃO DEIXE DE VOTAR. CONVIDE SEUS AMIGOS PARA VOTAREM TAMBÉM. ESSA TAMBÉM PODE SER UMA VITÓRIA NOSSA.

8 comentários:

Anônimo disse...

A mídia manipula, tomem cuidado.

Anônimo disse...

A mídia também é atenta a certas contradições, tais como: Em caso de liberação do uso de drogas, quem vai pagar a conta do tratamento dos aventureiros que se tornarem viciados depois de algumas "experiências recreativas" com substâncias como cocaína, crack, etc? Os não usuários?

O usuário de drogas tem o livre arbítrio para usar o seu corpo como quiser e fazer o que bem entender com o seu dinheiro. Mas e quando o dinheiro acaba e fica a fissura por um teco? Os bens da família e dos vizinhos é que vão patrocinar a "viagem"? Ou a conta do "fornecedor ou fabricante" será paga com os impostos do contribuinte? Evidentemente, com todo o apoio médico necessário para uma "experiência segura"... além de um fornecimento irrestrito da droga que usuário precisar, lógico!

Anônimo disse...

eu acho que quem paga é o próprio usuário, já que impostos serão cobrados em cima dessas substâncias... impostos esses que devem ser investidos em clínicas e programas de ajuda aos dependentes químicos.

Anônimo disse...

gente que vende suas coisas pra se drogar acontece até com alcool :P

mas enfim, o manifesto foi cancelado?
vi na tv algo assim. :|

Anônimo disse...

O que percebemos é uma tranquilidade ao colocarmos nossos argumentos, enquanto que pareciam não existir interlocutores que realmente pudessem contrapôr o tema colocado pelo grupo. Na falta de argumentos que contestem nossas idéias, porém, restaram as acusações levianas de apologia - como a confirmar a teoria de que, mesmo inconscientemente, quando não se consegue confrontar uma idéia, costuma-se atacar a pessoa que defende esta idéia.

Nossa luta inicial é, de certa forma, criar um melhor entendimento sobre o quê, afinal, defendemos. Temos esperanças, todavia, de que o discurso daqueles que se dizem contrários a nós também se aprimore com o tempo, porque senão fica difícil.. O que rolou durante o programa foi o esperado: não se falou sobre políticas de drogas, mas sim foram citadas algumas listinhas sobre o "potencial danoso" de algumas substâncias.. potencial que reconhecemos, mas esta questão já está superada. Embora saibamos reconhecer que tipo de dados científicos são fajutos ou não, tal discussão não nos interessa.

Nossa discussão é outra: a política de drogas amplia todo e qualquer dano que já pudesse ser atribuído ao uso de drogas, e ainda impossibilita o maior controle sobre esta que deve ser uma questão de saúde, e não de segurança - muito embora ainda existam comentários claramente fascistas, como o do anônimo acima, comprovando que, para alguns, determinados cidadãos devem ter direito ao sistema de saúde, e outros não. O que faz de você uma pessoa "com mais direitos que outros"? Busque ler sobre os princípios do SUS quanto à isso...

E saiba que o uso de drogas já é liberado em nossa sociedade, e que neste exato momento todos nós já estamos pagando muito mais dinheiro do que o necessário, por todos os danos ampliados desta forma de educação preventiva que é fracassada, e por todo um programa, igualmente infeliz e caríssimo, de tentativa de redução de oferta e demanda, que acabaram por ampliá-las.

Não podemos querer "liberar as drogas", pelo simples fato de que elas já estão liberadas em nossa sociedade. O que precisamos, isto sim, é de um modelo de regulamentação deste processo que já existe, sempre existiu e sempre existirá, mas que todos tentam não reconhecer.

Anônimo disse...

vcs já perceberam que a "sedinha"smoking vende em banca de jornal, padaria,patrocina shows...enfim...que puta hipocrisia desse povo que se droga todo dia com a programação televisiva que temos, e nega qualquer tipo de discussão...fumo canabis há 22 anos, trabalho, pago impostos, tenho 2 filhas perfeitas, saudáveis, sou casada e não escondo de ninguém que fumo e gostaria muito de plantar minha erva e cuidá-la todos os dias, com muito amor, para que num final de dia estressado, possa usufruir do meu prazer, tranquilinha...na boa...há!, detalhe, não bebo...sacou!!! assistam o documentário "Maconha" da revista Super Interessante e verão quantos BILHÕES DE DÓLARES os Estados Unidos investiu contra essa erva maravilhosa!!!

Anônimo disse...

Também é hipocrisia justificar a legalização das drogas para fins recreativos usando o exemplo do álcool e do tabaco. Definitivamente, um erro não justifica o outro. Legalizar a maconha não é o problema, apesar de não estar comprovado cientificamente que ela é inócua, mas falar em uso recreativo de drogas como cocaína, crack e heroína, que COMPROVADAMENTE causam dependência química e INVARIAVELMENTE levam à morte é demais! Me desculpem a sinceridade, mas só quem já perdeu um familiar devido ao abuso desse tipo de droga entende o drama pelo qual passa toda a família. Concordo em descriminalizar o usuário para que ele encontre ajuda médica sem ser discriminado ou tratado como um pária, pois o mecanismo que leva ao vício é complexo e nem sempre controlável, mas daí a legalizar a venda desse tipo de substância tem uma grande diferença.

Princípio Ativo disse...

Caro anônimo, sabemos que há muito sofrimento envolvendo a questão do abuso e do uso indevido de drogas, e sabemos do potencial que elas possuem de evidenciar crises nos usuários que manifestam este abuso ou uso indevido. Mas parece que concordamos aqui em alguns aspectos: devem ser buscadas alternativas à esta política, que vêm sendo falha tanto na redução da demanda quanto do consumo, quanto nos seus "esforços" de prevenção.

Antes disso, faço um comentário importante: não gostamos de usar a palavra "legalização".

Ela normalmente é mal interpretada como sendo um "incentivo" ao uso, ou algo assim. E como comentei acima neste tópico, nós achamos que as drogas já estão "legalizadas" na sociedade, pois todos sabem que a compra é feita sem maiores problemas, apesar de constituir crime. A repressão é ineficiente ao reduzir esta oferta, uma vez que a própria ilegalidade já confere uma margem de lucro altíssima ao negócio, e é a partir desta margem de lucro que se sustenta todo o poderio [armamentício e político] destas redes, corrompendo facilmente as próprias instâncias que deveriam reprimí-las. Bom, creio que este sistema já tenha sido colocado de forma bem clara no próprio documentário Falcão, que foi exibido em horário nobre, em partes. E quando uma rede é desmantelada, somente dá lugar à outra, pois o comércio ilegal não é homogêneo: se constitui em disputas violentas entre as organizações dos vendedores.

Por isso tudo, em virtude da situação a qual chegamos, é que podemos propor uma política de "regulamentação" destas redes. Complicado? Com certeza sim, mas do jeito que está não pode mais ficar. É só uma alternativa. Talvez outras sejam mais eficazes, talvez não: o importante mesmo é que o debate seja feito, seriamente, com toda a atenção e responsabilidade que o tema requer.

Regulamentar as relações de compra, venda e uso não é somente uma questão de "direito ao uso recreativo"; é uma preocupação com a saúde de todas as pessoas que usam - sejam estas usuárias problemáticas ou não.

E se alguém já demonstra, por algum motivo, um uso problemático de determinada substância, permanece ainda a certeza de que tornar esta pessoa criminosa só fará com que ela se afaste ou até esconda a questão, seja de profissionais de saúde, ou até mesmo das pessoas mais próximas à ela. De outro lado também, obrigá-la a usar uma substância totalmente adulterada é, mais uma vez, uma demonstração do quanto esta política atual nunca se preocupou com "a saúde dos usuários".

Um exemplo disso é que muitas mortes causadas por drogas injetáveis [como cocaína e heroína] ocorrem justamente pela impossibilidade do usuário conhecer o grau de pureza da substância. Na ilegalidade, o fornecedor pode mudar sem aviso prévio. Mesmo o usuário [problemático ou não] comprando a dose de sempre, esta pode vir com uma "pureza" até mesmo duplicada - o que ocasiona inúmeras overdoses letais.

Importante dizer uma coisa: nós não defendemos a idéia de que os usuários de maconha deveriam ser "descriminalizados" somente por este se tratar de um psicoativo "leve" em comparação à outros. O uso problemático de maconha também existe sim, e políticas de regulamentação desta substância devem ser acompanhadas por outras de prevenção ao abuso ou uso indevido - com tom informativo e não-repressivo, de acordo com as políticas de Redução de Danos.

Por outro lado, uma parcela significativa daqueles que usam cocaína não se tornam usuários problemáticos, assim como muitos dos que bebem não se tornam alcoólatras - e o álcool é uma droga tão danosa ou "viciante" quanto qualquer outra já citada.

O caso do crack é específico, mas também muito interessante para pensarmos nos males da proibição e falta de regulamentação. Trata-se de uma substância de caráter estimulante, proveniente da sobra da produção da cocaína, com outros aditivos químicos e adulterações. Surgiu unicamente como uma forma de o mercado ilegal se aproveitar da "sobra" da cocaína, e vender a um preço muito mais barato uma substância derivada da mesma, porém altamente danosa porque é absorvida pelos pulmões, e seu efeito dura pouquíssimo - de 10 a 15 segundos. Se o potencial danoso do crack é altíssimo, porém, o contexto nos quais ele é usado é tão danoso quanto: os "alvos" da criação desta substância são as pessoas de comunidades pobres, carentes de políticas públicas fundamentais - creio que não precisamos exemplificar novamente o quanto tudo isso favorece o uso abusivo. São pessoas que possuem uma relação péssima com o que consomem - e o que consomem é uma substância com poder de ação sobre o organismo muito rápido e violento.

Se o mercado de cocaína fosse regulamentado a tempo, esta substância possivelmente não existiria. Mas algumas perguntas surgem: e agora que o crack existe, o que vamos fazer? Proibir o crack? Deixar que ele seja mais adulterado ainda, a ponto de não sabermos o quê de fato estas pessoas estão consumindo? E como prevenir os danos de algo que não conhecemos, e que foge do nosso alcance por estar na ilegalidade? Tornar seus usuários criminosos é "ajudá-los"? Será que podemos fingir que nada disso existe, e que as coisas irão melhorar um dia somente com a prisão de alguns usuários ou com alguns "desmantelamentos" de certas redes de tráfico [que na verdade só dão lugar a outras]?

Estas perguntas tiram o fôlego de qualquer pessoa preocupada com a questão. Mas creio que não podemos continuar defendendo este argumento falho, de defendermos a proibição de uma substância somente por esta ser danosa. Se realmente nos preocupamos em reduzir os danos causados pelo abuso e uso indevido de drogas, temos que encarar esta situação de frente. E isto não significa tratar todos os usuários como doentes em potencial, pois eles não o são.

Significa que devemos conhecer e entender a realidade destas pessoas tão variadas, tão diferentes entre si, e
dentre tantas expectativas, contextos e relações diversas com o uso de drogas, devemos reconhecer e prevenir aquelas que mais causam danos à estas pessoas. Se há um grande consenso entre vários estudos feitos sobre o uso problemático, é o reconhecimento de que o "problema" está muito mais na relação que certas pessoas constróem com as drogas do que com as drogas em si.

E, no momento, os aspectos que mais proporcionam tais relações problemáticas, ampliando todos estes danos [sejam estes biológicos ou sociais], são a própria proibição e a repressão, pois assim nos relacionamos com as drogas somente de forma violenta: seja sob terror da polícia, ou sob o terror da desinformação.